A história do advogado José Antônio Valduga, 60 anos, que sobreviveu a quatro paradas cardíacas, rendeu um livro. Lançado em 10 de agosto, “O Milagre do Leito 32” é uma homenagem e reconhecimento ao trabalho dos médicos, enfermeiros, socorristas e profissionais envolvidos em seu resgate.
Valduga conta no livro que estava indo para um casamento de um amigo numa casa na Costa da Lagoa, à beira da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O único acesso era de barco. Após subir uma escadaria de pedras, começou a sentir dores violentas nas costas: era uma parada cardiorrespiratória (PCR).
Um dos convidados, que é cirurgião gástrico, imediatamente fez a massagem cardíaca. Um bombeiro comunitário ajudou com um desfibrilador portátil. O coração pulsou, mas em seguida parou novamente. “Eu estava desacordado no chão há mais de 45 minutos sendo massageado o tempo todo e tinha tido quatro paradas cardíacas. Descer uma escadaria íngreme e escorregadia era inviável. Por isso, os convidados abriram uma clareira com uma motosserra, derrubando árvores e tirando galhos, para que o socorro do céu pudesse chegar a uma quadra de beach tennis”, explicou ele.
Para Valduga, a equipe do Arcanjo fez seu voo mais perigoso. Sob uma tempestade de verão, tiveram que pousar inclinando o helicóptero em um ângulo de 90 graus para que coubesse em um espaço restrito. A equipe composta pelo piloto Jefferson Luiz Machado, copiloto tenente Nicolas Paolo Zanella, sargento Arthur Guilherme Goulart da Silva, ambos do Batalhão de Operações Aéreas/Corpo de Bombeiros Militar de SC, o médico Deyvid Medeiros e o enfermeiro Amantino Raulino, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), agiram rápido. O médico e o enfermeiro aplicaram na veia do paciente um antiarrítmico, além de choques sobre o peito, assim o coração voltou a bater e não parou mais. Em seguida, foi levado com segurança para o Hospital Caridade, no centro de Florianópolis.
“Dia 3 de março de 2022, contra qualquer prognóstico, eu renasci. Foi uma experiência extraordinária, um verdadeiro milagre. A taxa de sobrevivência em uma PCR é de menos de 8%, e eu tive quatro paradas e não fiquei com sequelas”, comenta aliviado.
Valduga acredita que nada é por acaso, e afirma que sua vida foi salva graças ao esforço e trabalho dos profissionais envolvidos. “Considero que tive uma experiência de quase morte e agora estou mais confiante em meus propósitos, disposto a enfrentar dificuldades com leveza e honrar o dom da vida e da fé da forma mais amorosa possível”.