A Superintendência de Urgência e Emergência (SUE), vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (SES), promoveu uma mesa de debate "Prevenção e Manejo da Tentativa de Suicídio” na última sexta-feira, 29, na Escola de Saúde Pública de Santa Catarina. O evento reuniu profissionais de diversas áreas e foi fundamental para reforçar ações preventivas e identificar comportamentos que denotam o auto-extermínio.
O suicídio é uma importante causa de morte no Brasil e no mundo. Em Santa Catarina, até 4 de setembro de 2023, foram notificados 580 suicídios, sendo a maioria 76% (443) do sexo masculino, de acordo com os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). “Perder uma pessoa para o suicídio é uma falha. Onde erramos? No SAMU a tentativa de suicídio ocupa o quarto lugar em motivos por atendimento. Precisamos mudar este cenário, modificar nosso atendimento para ter sucesso nessas demandas”, comenta Carlos Marsaro, médico coordenador do SAMU e especialista em psiquiatria.
Para ele uma das alternativas para evitar o suicídio é saber ouvir o solicitante, entender o que causou o sofrimento, avaliar a gravidade do caso e ter uma boa dose de empatia. “Uma escuta bem-feita pelos profissionais de saúde ou qualquer pessoa, mesmo que não tenha conhecimento, propicia ajuda para encaminhar a pessoa com problema a um lugar ideal para começar o tratamento. O suicídio é 100% evitável se a abordagem for correta. Nosso compromisso é conseguir um desfecho feliz”, explica Carlos.
Existem casos de tentativa de suicídio que envolve arma de fogo ou arma branca. Nestas circunstâncias é acionado o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Wanderson Fortes, negociador do BOPE que trabalha com gerenciamento de crises, acredita que a melhor técnica é escutar e acalmar a pessoa em surto. “Nestas situações não podemos fazer ameaças, não inferioriza-lo, identificar motivações, valorizar qualidades, mencionar pessoas queridas, mostrar alternativas além da morte e conceder o que for pedido, são procedimento que ajudam a pessoa a desistir do ato”, ressalta ele.
Falar sobre prevenção ao suicídio é crucial, mas também pode ser um assunto delicado. De acordo com o psiquiatra Matheus Steglich, reduzir o estigma associado à saúde mental é essencial para encorajar as pessoas a procurarem ajuda sem medo de julgamento. “Considero que a psiquiatria tem grande contribuição para propiciar os meios para tratar as pessoas que procuram acesso. Precisamos sair do consultório e nos aproximar mais da sociedade, utilizando nosso conhecimento para salvar vidas”.
A conscientização é a chave para a prevenção. Desmistificar o tema, promover a empatia e criar ambientes onde as pessoas se sintam à vontade para compartilhar seus sentimentos são passos importantes. Assim como educar as comunidades sobre os sinais de alerta, promover a escuta ativa e fornecer recursos acessíveis para quem precisa. O suicídio pode ser evitado se houver um esforço coletivo envolvendo todos nós e lembrar que sempre há ajuda disponível.
Também participaram do debate o capitão Raniel Pinheiro, do Corpo de Bombeiros Militar, e Ludmila Malta, subcoordenadora de Integridade em Saúde da Diretoria de Atenção Primária à Saúde da SES/SC.
Centro de Valorização da Vida
Um importante aliado na prevenção do suicídio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, pelo telefone 188. Também é possível ser atendido por e-mail ou chat, pelo site da instituição (www.cvv.org.br).
Daniela Melo
Assessoria de Comunicação
SAMU Santa Catarina